Psicóloga, com formação em psicanálise, trabalhando com a clínica e com a orientação escolar, aposentou-se em 2013 desse caminhar que lhe formou enquanto formava os outros. Desde o início seu olhar foi direcionado para ângulos que não estão explicitamente implicados na lente da câmera, e sim no olhar atento de quem vê além. Com isso, investindo em formações e pesquisas, a artista vem construindo, na relação entre as artes visuais e a tecnologia, uma narrativa singular.

A reconfiguração do olhar, a partir de novos dispositivos que aparecem com a virada do milênio, cria novas imagens que engendram novos imaginários permitindo a reinvenção da fotografia de modo a provocar novas e infinitas interpolações que não constavam no imaginário da fotografia como arte até bem pouco tempo. E é nesse campo principalmente que se situa o trabalho da artista.

Podemos dizer que seu trabalho são investigações poéticas que se apropriam de recursos tecnológicos das novas mídias, propondo alternativas estéticas. Nesse processo, Arlete Bonelli subverte, recria, amplia e descontrói sentidos, tanto da fotografia quanto do próprio contexto digital, fazendo surgir narrativas que exigem atenção e ao mesmo tempo convidam para sermos cúmplices desse mesmo olhar.